Carta de Despedida lida para a Congregação do km4 no dia 24 de março de 2014.
É difícil começar. São tantos detalhes, tantos momentos que jamais esquecerei. Este que estamos vivendo hoje, por exemplo, já é um deles. Quero fazer aqui uma breve retrospectiva, sem muita formalidade, sem me preocupar com a oratória, sendo apenas o Cleverson, o Cleverson que a maioria aqui viu crescer.
Vamos começar por quando eu era pequeno, o que não faz muito
tempo. O Cleverson Maxwell Santos, filho do irmão Valdir e da irmã Nete era um
menino muito cheio de energia, pra falar, cantar, imitar os irmãos da igreja e
fazer brincadeiras, o que também não mudou muita coisa.
Na casa da vovó! (1999)
Participava do circulo de oração infantil e da EBD, com as
irmãs Carmelina, Simone, Marluci, Fabiana, Madalena e acho que de vez em quando
dava um certo trabalho para elas. Sempre estive em contato com a igreja, vinha
no ensaio dos jovens com a mãe e sentava do lado dela quando tocava acordeon.
Minha tia me deu um violão, que tenho até hoje, um amarelinho pequeno, todo
desafinado, aí estava a chance de trazer para igreja e ajudar a mãe. É claro
que eu não sabia tocar nada, mas enganava muito bem. Todos dizam “Olha só! Tão
pequeno e já toca violão”. Na verdade o que eles ouviam era o som da guitarra
do irmão Altair.
Quando eu tinha 11 para 12 anos, ontem! O Jeferson, meu
cunhado, me convidou para cuidar do som da igreja. Os equipamentos ainda eram
muito antigos, mas na época era a coisa mais legal de mexer. Às quartas-feiras,
eu saía da escola, almoçava e aguardava ansioso pelas duas e meia da tarde.
Pegava então a chave da igreja (sim, tiveram a coragem de dar uma cópia pra
mim!) e vinha ligar o som para a “Tarde da Benção”.
Ainda consigo lembrar dos irmãos que olhavam lá para trás
zangados, “Baixa esse som guri!”, dos cantores e pregadores que não cansavam de
dizer “Mais retorno irmãozinho, mais retorno!”. Tempo bom.
O Tempo passou, entrei para o grupo de adolescentes. Nessa
época muitas coisas aconteceram. Desde pequeno eu tentava imitar o baterista
durante os cultos, eu queria mexer com música. Mas chega de imitar! Entrei para
a escola de música e comecei a participar da banda. Lembro de algumas frases
que ouvia nos ensaios: “Vai devagar Cleverson!” – Palavras do irmão Nei. “Mais
pianinho, mais pianinho” – Irmão Odilon. “Tá perdendo o Rítmo” – Kátia.
Ganhei um violão grande, agora era de verdade. Passei então a
tocar violão, sem fingimentos.
No colégio, tive a oportunidade de participar de um concurso
de oratória entre estudantes de escolas públicas de todo país. Eu não sabia,
mas era Deus escrevendo certo por linhas aparentemente tortas. Eliminei os
concorrentes de Joinville, fui para São Paulo, venci também e um ano depois
estava em Curitiba, ganhando o troféu de Campeão Nacional de Oratória. Toda
glória seja dada a Deus, ele me deu o fôlego de vida, deu-me as cordas vocais e
a criatividade para escrever e falar. Mas uma honra no meio secular
Cleverson, o que isso importava?
Discurso e premiação na etapa nacional do Concurso de Oratória nas Escolas (2009)
Bem, durante todas as etapas do concurso, vários meios de
comunicação me procuraram, jornais, tvs, emissoras de rádio, site e
jornalistas. Quando Voltei de Curitiba a Rádio 107,5fm foi um deles. “Esse
menino que tá na capa do AN é lá do Km4, que tal fazer uma entrevista com ele?”.
Deus tem seus caminhos e ali estava a sua mão a me guiar. Fui prontamente e falei,
falei, falei... O coordenador dos adolescentes na época, estava ouvindo e me
convidou para falar um pouco mais, só que agora para adolescentes da minha idade,
aceitei o convite. Este convite se repetiu por algumas semanas, até que ele
disse “Vem sempre! Nem vou te convidar mais!”.
Aprendi muito, durante 3 anos e meio eu falava 5min por
semana e isso já me deixava muito feliz. Sobrava tempo para perceber como os
planos de Deus são interessantes. Igreja – Escola – Concurso de Oratória –
e Rádio... Da Igreja!
Segmento Discurso Aberto durante o programa Comunidade Teen (2010)
Durante esses anos de aprendizado, fiz novas e grandes amizades.
Pessoas que apareceram com ideias, precisando de alguém que anunciasse.
Pastores que queriam convidar os moradores do bairro para algum culto. Lá
estava eu fazendo as gravações. Aprendi que antes de pensar em ser servido, muito mais
divertido é servir! As oportunidades aparecem, dizer sim ou não é uma questão
de escolha.
Passei para a mocidade, o coração porém, permaneceu
adolescente. Continuei trabalhando com a UNIAADJO na Rádio 107.Nos anos de Família Shalom, foram muito cultos, retiros, muitas caronas e amizades que se tornaram mais fortes... Mas principalmente, foram
3 anos grande crescimento espiritual. Recebi o batismo com espírito santo e
Deus confirmou meu chamado para ministrar a palavra.
31º Aniversário do Grupo Shalom (2013)
O início de 2013 foi cheio de mudanças. Em Janeiro recebi o
comunicado de que estava aprovado no vestibular. Em fevereiro, o Pr Rogério
Graviesky fez o convite para apresentar o Comunidade Teen, programa de 2 horas
semanais, aquele em que eu falava só 5min. Não pensei muito, “Sim! Eu aceito!”.
Na mesma época os jovens precisavam de ajuda. O Pr Cássio
Ruthes me colocou ao lado do Deive Leonardo no Programa Geração Dynamis, onde aprendi
mais um bocado de coisas.
Comecei a participar mais ativamente das reuniões da Uniaadjo
no templo central. Lá, fiz algumas amizades e comecei a ir em alguns cultos. Em
nenhum momento deixei de lado a congregação do Km4, mas com a faculdade, o rádio,
eventos do departamento e convites para palestrar, ficava realmente difícil de
conciliar tudo.
Em janeiro deste ano mais um programa, As 10+. Mais um
compromisso assumido, oportunidade dada pelo Pr. Aloísio Lucas, ficando então
com 5horas semanais no ar.
Nesta mesma época, o Pr Joary, assumia nossa congregação. Sou grato ao Senhor pela sua vida pastor, poucos sabem, mas nossa amizade começou lá nos estúdios da 107, antes mesmo que o Pastor viesse para o Km4. O Pastor sempre me apoiou. Chegando aqui me abençoou com a indicação a auxiliar da igreja.
Nesta mesma época, o Pr Joary, assumia nossa congregação. Sou grato ao Senhor pela sua vida pastor, poucos sabem, mas nossa amizade começou lá nos estúdios da 107, antes mesmo que o Pastor viesse para o Km4. O Pastor sempre me apoiou. Chegando aqui me abençoou com a indicação a auxiliar da igreja.
O Pr Sérgio Melfior sempre foi um de nossos ouvintes. Sempre
me encontrava pelos cultos e corredores e de vez em quando dizia “Esqueceu do
meu abraço! Sabe que eu sou teu fan né Maxwell”. Pois é, há exatamente um mês
ele me procurou “Você está direto por aqui, quero que venha congregar conosco.
Precisamos de você no templo sede! Sei que é muito útil para os irmãos do Km4,
mas aqui será útil também para irmãos de diversas igrejas, não só da Sede”.
Vários dias se passaram, foram muitas conversas. Em todo momento eu orava para
que a melhor escolha fosse debaixo da direção de Deus.
Desde o começo o Pr. Joary permitiu minha livre de escolha
“Pense bem Cleverson! E faça o que Deus colocar em seu coração”.
Hoje tenho a imensa de honra de estar aqui, de frente para os
personagens que ajudaram a compor esta história, os pastores do templo central
sim, mas antes de tudo, os irmãos do Km4.
Igreja Evangélica Assembleia de Deus Km4, Sede do Setor 5 (2013)
Posso dizer sem sombra de dúvida que “Deus é maior, tem seus
planos, seu tempo e foi Ele quem sempre me guiou”. Se cheguei até aqui, foi pela
misericórdia de Deus, pelo apoio e pelas orações dos irmãos e das irmãs. Muito
antes de pegar aquele violão amarelinho e sentar do lado da minha mãe para tentar tocar, Deus já
havia feito um grande milagre em minha vida.
Eu estava num leito de hospital com leucemia, desenganado
pela medicina, mas aqui estavam muitas irmãs de cabelinho branco orando por
mim. Irmãs e irmãos que eu tenho orgulho de possuir. Pessoas que merecem um
lugar especial no coração.Hoje estou aqui, bem, curado, com saúde e cheio de vontade de
contar essa história para outras pessoas.
O que sinto exatamente agora, não é tristeza, nem alegria.
Satisfação talvez seja a palavra correta. Meu coração está em paz, continuo
feliz e contente como sempre fui.
Um pequeno detalhe, continuo sendo um morador do Km4. Minha
casa vai continuar ali e sempre que possível estarei por aqui revendo os
irmãos. Meus pais me apoiam, mas permanecem por aqui, a Kleyde e o Jeferson também.
Eclesiastes 3 diz “Tudo tem o seu tempo determinado, e há
tempo para todo o propósito debaixo do céu”. Deus me fez algumas promessas e
deve ter colocado seus prazos também. Eu não sabia quando a hora iria chegar,
mas em todo tempo orei e entreguei tudo nas mãos de Deus.
Agradeço a Ele, antes de tudo. Senhor, tu me deste a
vida, a voz, as oportunidades... Cuidaste de mim quando eu mais precisei.
Colocaste pessoas maravilhosas do meu lado, amizades verdadeiras. Deus, se não
fosse a tua misericórdia eu não estaria aqui agora. Deus, Tu sabes de todas as
coisas e eu não posso fugir dos planos. A Ti toda honra e toda glória.
Agradeço a minha família. Pai, Mãe, Kleydinha, Jef... Vocês são
o fundamento! Muito obrigado pelo carinho, pelo apoio, por acreditarem em mim e
apoiarem esta decisão.
Agradeço aos irmãos da igreja, pelas orações, pelos conselhos, pelo companheirismo. Aos jovens, por serem minha segunda família, pelos círculos de oração, vigílias e ensaios. Vou sentir falta, não posso negar. Irmãs do círculo de oração, irmãos, presbíteros da igreja, casais, adolescentes, crianças, pessoal do louvor, irmãos recepcionistas, enfim, muito obrigado!
Agradeço aos convidados que estão aqui hoje. Como disse,
apesar de não serem do km4, vocês fazem parte disso tudo, me acompanham e eu
agradeço a Deus pela vida de vocês.
Pastor Joary Carlesso, mais uma vez, muito obrigado.
Termino com a letra de uma canção que gosto muito. Os
Sonhos de Deus. Nela, Nani Azevedo canta:
Os sonhos de Deus são maiores que os meus
Ele vai fazer o melhor por mim
Ele vai além do que eu posso ver
Ele faz o que eu não posso fazerDeus vai cumprir os seus planos em mim
Ele vai fazer o que lhe apraz
Sou pequeno e falho, mas ele é Deus
Ele só faz o melhor pelos seus
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